Isaac Roitman, professor emérito da Universidade de Brasília e presidente da Comissão do Movimento 2022: \”O Brasil que queremos\”, escreve para o Blog da Política Brasileira

 

O ano de 2016 foi atípico no Brasil. Pela primeira vez o país sediou as Olímpiadas. O doloroso processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff revelou ao vivo e a cores o nível inconsistente do Congresso. A prisão de políticos e empresários importantes nos faz antever que estamos perto do dia do juízo final.

As manifestações nas ruas e as ocupações das escolas ameaçam as falsas narrativas de candidatos a cargos públicos cuja intenção é representarem a eles mesmos ou a grupos que financiam as suas campanhas. Delações premiadas institucionalizaram o “dedo duro” sem a necessidade da tortura física e desnudaram o pacto dos políticos com empreiteiras.

A fila dos estados falidos vai aos poucos crescendo, o desemprego também. O embate entre os poderes aponta para uma desagregação no país. Certamente 2016 não vai provocar saudades e será um marco importante na história brasileira.

E como será o Brasil em 2017 e nas próximas décadas? Se não acordarmos desse verdadeiro pesadelo vamos reprisar o mesmo filme nos próximos anos. A persistência da miséria e da desigualdade social é vergonhosa e é um atestado de incompetência da sociedade brasileira e de seus muitos governos.

O país demanda grandes transformações. Entre elas uma reforma política sem espaço para políticos picaretas resgatando a credibilidade. Temos que atrair para as atividades políticas cidadãos honestos e capazes, que através do debate civilizado desenvolvam novas ideias e ações virtuosas pelo bem comum.

A democratização dos meios de comunicação é imperiosa. A comunicação rápida e o acesso à informação são instrumentos para aperfeiçoar a democracia. A internet de banda larga deverá ser gratuita para todos como a televisão aberta e o rádio.

O Brasil é um país privilegiado em seu patrimônio natural e sua utilização deve ser tema de um debate racional permanente que tenha como pano de fundo um desenvolvimento sustentável. Da mesma forma devemos promover, difundir e preservar o nosso patrimônio cultural que é rico e belo.

A educação pública de qualidade para todos e todas é um pré-requisito para termos um Brasil melhor. Lembremos aqui o pensamento de Anísio Teixeira: “Só existirá democracia no Brasil no dia em que se montar no país a máquina que prepara para as democracias. Essa máquina é a da escola pública.”

Só teremos o Brasil de nossos sonhos se a educação básica ter como pilares, a ética, a solidariedade, a liberdade, a autonomia, o pensamento crítico, a competência e a responsabilidade social.

Vamos acordar para construir o Brasil do futuro. E nessa nova e brilhante alvorada é pertinente lembrar as palavras de Juscelino Kubitschek, gravadas e imortalizadas na Praça dos Três Poderes:

“Deste Planalto Central, desta solidão que em breve se transformará em cérebro das mais altas decisões nacionais, lanço os olhos mais uma vez sobre o amanhã o do meu país e antevejo esta alvorada, com fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino.”

Vamos também transmitir às gerações futuras a mensagem da inspirada poesia que nos deixou Gonzaguinha em sua música:

“Nunca pare de sonhar”: “Ontem um menino / Que brincava me falou / Hoje é semente do amanhã / Para não ter medo / Que esse tempo vai passar / Não se desespere, nem pare de sonhar / Nunca se entregue / Nasça sempre com as manhãs / Deixe a luz do sol brilhar no céu do seu olhar / Fé na vida, fé no homem, fé no que virá / Nós podemos tudo, nós podemos mais /Vamos lá fazer o que será.”

 

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