Por Andréia Filgueira, sob supervisão de Janaína Vieira –
A importância da ética em todas as relações e esferas da sociedade foi tema de uma audiência pública nesta segunda-feira (18/06) no Senado Federal. O encontro é o sétimo de uma série de diálogos que o Movimento 2022: O Brasil que Queremos tem realizado em parceria com a Comissão Senado do Futuro. O objetivo dos encontros é trazer temas de interesse nacional com foco em alternativas para melhorar a situação do país.
O diálogo entre os oradores teve como foco fazer uma reflexão sobre o que é a ética, o que são as relações humanas, como elas são vistas atualmente e como isto pode ser mudado. A mesa, coordenada pelo presidente da Comissão Senado do Futuro, senador Hélio José (pros-DF), contou com a participação de Dom Leonardo Ulrich Steiner, secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); José Geraldo de Souza Junior, ex-reitor da Universidade de Brasília (UnB) e coordenador do grupo de estudo de Ética do Movimento 2022; Roberto Crema, reitor da Universidade Internacional da Paz (Unipaz); Ulisses Riedel, presidente da União Planetária (UP); e Isaac Roitman, professor emérito e coordenador da Comissão Geral do 2022.
Ao abrir os diálogos, Dom Leonardo Ulrich Steiner fez uma reflexão sobre as dimensões da ética e das relações na sociedade, citando importantes filósofos gregos. “É importante determinamos o que somos para podermos perceber a grandeza da ética. Nós somos relação. Nós sempre estamos em relação”. Além disso, ressaltou que a palavra ética, vinda do grego “ethos”, significa modo se ser, morada, habituar-se; capacidade de agir e de relacionar-se.
Por sua vez, José Geraldo de Souza Junior, partiu da perspectiva filosófica de Dom Leonardo Ulrich Steiner, reportando que, a missão da ética é possibilitar o estabelecimento da condição de humanização do ser humano. Baseando-se no filósofo Hegel, o professor afirma que o homem nasce incompleto, ou seja, o ser humano não enverga sua condição biológica originária humana, e só consegue alcançar a sua total plenitude, por mediação de uma identidade construída através das relações estabelecidas pela ética.
Já Roberto Crema, transcendeu o tema, destacando que não se trata apenas da importância da ética nas relações humanas, mas, também, entre os infra-humanos. A natureza, o reino animal, mineral e vegetal. A ética necessita de uma nova percepção ótica, onde exista uma aliança que dialogue entre a ciência, a consciência, a arte e com as tradições espirituais. Para Crema, a essência da ética é a prática do amor, da fraternidade, da solidariedade e da espiritualidade. “Eu creio que, no Brasil, nós não teremos justiça nem ética, se nós não reconhecemos a ancestralidade”, ressaltou.
Por fim, Ulisses Riedel complementou que, se enxergamos apenas o lado da ciência e da materialidade, a vida acaba ficando desnorteada e sem sentido. Isto, faz com que os valores da vida sejam confundidos pelos valores da materialidade, sendo necessária uma ótica espiritual. “Sem ética, estaríamos batendo em porta errada, ao achar que a solução para a humanidade estaria na política, na economia e até na educação. Porque uma educação sem valores é perigosa. O conhecimento deve existir para o bem servir e não para se servir”, disse.
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