Por Cristovam Buarque, professor emérito da Universidade de Brasília, para o jornal digital O Tempo – MG em 12/02/2021
O Brasil assiste às tragédias da epidemia e da educação e das duas entrelaçadas asfixiando o futuro do país. Mas o presidente da República não põe a educação como prioridade, salvo para desobrigar governos de oferecer escola e transferir essa responsabilidade para as famílias, para elas darem instrução em casa. Ignora 50 milhões de crianças em idade escolar cujas famílias não têm condições de educar os filhos em casa. As propostas do presidente são tão assustadoras a ponto de isentar importações de armas e taxar importação de livros.
Se tivesse interesse em fazer com que o Brasil desse o salto na educação, ele teria apresentado estratégia para que, em alguns anos, ou décadas, o Brasil tivesse um sistema educacional com máxima qualidade e que a educação tivesse a mesma qualidade, independentemente da renda e do endereço da criança. Para tanto, seriam necessários alguns passos.
É preciso concentrar o trabalho do MEC na educação de base. Instalar uma agência para proteção da criança e do adolescente capaz de cuidar desse público em todos os setores, como saúde, cultura, bemestar. Educação é vetor fundamental do progresso, sobretudo nestes tempos. É necessário que o governo federal assuma a responsabilidade pela educação de base nas cidades que assim desejarem e na velocidade que os recursos federais permitirem, enviando professores de carreira federal, bem-remunerados, selecionados com rigor e em regime de dedicação exclusiva à escola, com estabilidade responsável, sujeita a avaliação periódica.
As escolas iniciariam a evolução das atuais \”aulas teatrais\”, do professor com quadro e giz, para \”aulas cinematográficas\”, em que o professor utilizaria bancos de dados e de imagens. Todas as escolas dessas cidades adotadas teriam horário integral.
É possível fazer isso em dois anos em algumas cidades pequenas e, em 20 ou 30 anos, em todas as escolas do Brasil, para todas as crianças brasileiras.
Ao longo dos últimos 30 anos, o Brasil foi melhorando sua educação, mas aumentando quatro brechas que nos fazem melhorar ficando para trás: brecha entre a educação de ricos e pobres, entre cidades ricas e cidades pobres, entre os outros países e o Brasil e entre o que é preciso conhecer e o que é ensinado.
O Brasil precisa interromper a marcha insana do atual governo sacrificando o progresso, a segurança e a sustentabilidade do país, mas também substituir a melhoria lenta, que nos deixa para trás, e adotar uma estratégia que permita saltar aos padrões de qualidade das melhores do mundo.
Para dar o salto necessário, precisamos saltar este governo. Mas a simples substituição dele não bastará se os próximos vierem com a mesma perspectiva de apenas melhorar, nos deixando para trás e com brechas ampliadas.O Brasil assiste às tragédias da epidemia e da educação e das duas entrelaçadas asfixiando o futuro do país. Mas o presidente da República não põe a educação como prioridade, salvo para desobrigar governos de oferecer escola e transferir essa responsabilidade para as famílias, para elas darem instrução em casa. Ignora 50 milhões de crianças em idade escolar cujas famílias não têm condições de educar os filhos em casa. As propostas do presidente são tão assustadoras a ponto de isentar importações de armas e taxar importação de livros.
Se tivesse interesse em fazer com que o Brasil desse o salto na educação, ele teria apresentado estratégia para que, em alguns anos, ou décadas, o Brasil tivesse um sistema educacional com máxima qualidade e que a educação tivesse a mesma qualidade, independentemente da renda e do endereço da criança. Para tanto, seriam necessários alguns passos.
É preciso concentrar o trabalho do MEC na educação de base. Instalar uma agência para proteção da criança e do adolescente capaz de cuidar desse público em todos os setores, como saúde, cultura, bemestar. Educação é vetor fundamental do progresso, sobretudo nestes tempos. É necessário que o governo federal assuma a responsabilidade pela educação de base nas cidades que assim desejarem e na velocidade que os recursos federais permitirem, enviando professores de carreira federal, bem-remunerados, selecionados com rigor e em regime de dedicação exclusiva à escola, com estabilidade responsável, sujeita a avaliação periódica.
As escolas iniciariam a evolução das atuais \”aulas teatrais\”, do professor com quadro e giz, para \”aulas cinematográficas\”, em que o professor utilizaria bancos de dados e de imagens. Todas as escolas dessas cidades adotadas teriam horário integral.
É possível fazer isso em dois anos em algumas cidades pequenas e, em 20 ou 30 anos, em todas as escolas do Brasil, para todas as crianças brasileiras.
Ao longo dos últimos 30 anos, o Brasil foi melhorando sua educação, mas aumentando quatro brechas que nos fazem melhorar ficando para trás: brecha entre a educação de ricos e pobres, entre cidades ricas e cidades pobres, entre os outros países e o Brasil e entre o que é preciso conhecer e o que é ensinado.
O Brasil precisa interromper a marcha insana do atual governo sacrificando o progresso, a segurança e a sustentabilidade do país, mas também substituir a melhoria lenta, que nos deixa para trás, e adotar uma estratégia que permita saltar aos padrões de qualidade das melhores do mundo.
Para dar o salto necessário, precisamos saltar este governo. Mas a simples substituição dele não bastará se os próximos vierem com a mesma perspectiva de apenas melhorar, nos deixando para trás e com brechas ampliadas.
Photo credit: sean dreilinger on Visualhunt / CC BY-NC-SA